Sintra: Quinta da Regaleira
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History Channel short documentary regarding the misteries and esoterism at Quinta da Regaleira in Sintra (Portugal).
É de lamentar que a RTP e - Fundação Luso - Brasileira no vídeo - Pessoas dizem Pessoa - casa Fernando Pessoa - concepção
- Produções Fictícias - Até ao Fim do Mundo- coloquem o poema "NEVOEIRO" de Fernado Pessoa completamente fora de contexto,
num contexto negativo de associação entre religião, desporto e o nacionalismo, isto é altamente fascista na minha opinião.
Pessoa nunca foi fascista até escreveu poema fazendo troça de SALAZAR. Duvido que o nosso Poeta de grande espiritualidade
e patriotismo jamais aceita-se que a sua obra servisse para apoiar o negócio corrupto em que o desporto se tornou e alimenta-se
este tipo de nacionalismo que tem dado origem a mortes e ferimentos causadas por manifestações nacionalistas nos seus estádios
de "futebol/soccer" em todo o mundo. Estou certa não ser a única a pensar assim e gostaria que o nosso governo garantisse
que os desejos de Fernando Pessoa fossem respeitados, o mesmo se aplicaria se qualquer igreja decide-se amanha usar a sua
obra para seu proveito. O povo português do qual faço parte tem também direito no que se refere a defesa da imagem de Pessoa
sobretudo depois da sua morte.
Fernando Pessoa a patriot and prophetic poet considered by many as a "escritor lusitano "unfortunately i will not atempt to
transalate his messages ...sorry....sobre o poema que segue... aqui vai comentario de Antonio Quadros .."O que seja propriamente
o sebastianismo - hoje mais vigoroso do que nunca, na assombrosa socidade secreta que o transmite,cada vez mais ocultamente
de geraçao em geraçao, guardando religiosamente o segredo do seu alto sentido simbolico e Portugues, que pouco tem que ver
com o D.Sebastiao que tem o numero cabalistico da patria Portuguesa - eis o que nao é talvez permitido desvendar...No sentido
simbolico D.Sebastiao é Portugal : Portugal que perdeu a sua grandeza com D.Sebastiao, e que so voltara a te-la com o regresso
dele, regresso simbolico--como, por um mistério espantoso e divino, a propria vida dele fora simbolica--mas em que nao é
absurdo confiar.....D. Sebastiao voltara, diz a lenda, por uma manha de névoa, no seu cavalo branco, vindo da ilha longinqua
onde esteve esperando a hora da volta. A manha de névoa indica, evidentemente, um renascimento anuviado por elementos de decadencia,
por restos da Noite onde viveu a nacionalidade." No seu " Guardador de Rebanhos" ele escreve
"Quando me sento a escrever versos/
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,/
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento, /
Sinto um cajado nas mãos/
E vejo um recorte de mim/
No cimo dum outeiro,/
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias,/
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho,/
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz/
E quer fingir que compreende./" E é assim mesmo que eu sinto a pintura. E continuando os seus trechos....
II.... "Eu não tenho filosofia; tenho sentidos.../
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é,/
Mas porque a amo, e amo-a por isso,/
Porque quem ama nunca sabe o que ama/
Nem sabe porque ama, nem o que é amar.../
Amar é a primeira inocência,/
E toda a inocência é não pensar.../
VI...
Pensar em Deus é desobedecer a Deus, /
Porque Deus Quis que o não conhecêssemos,/
Por isso se nos não mostrou.../
Sejamos simples e calmos,/
Como os regatos e as árvores,/
E Deus amar-nos-á fazendo de nós/
Nós, como as árvores são árvores/
E como os regatos são regatos/
E dar-nos-á verdor na sua primavera,/
E um rio aonde ir ter quando acabemos../.
E não nos dará mais nada, porque dar-nos mais seria tirar-nos mais./
XXVII....
Só a natureza é divina, e ela não é divina.../
Se às vezes falo dela como de um ente/
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens/
Que dá personalidade às cousas,/
E impõe nomes às cousas./
Mas as cousas não têm nome nem personalidade:/
Existem, e o céu é grande e a terra larga,/
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado.../
Bendito seja eu por tudo quanto não sei./
É isso tudo que verdadeiramente sou./
Gozo tudo isso como quem está aqui ao sol./Fernando António Nogueira
Pessoa nasceu a 13 de Junho, o dia de Santo António às 3 horas e 20 minutos da tarde, no quarto andar esquerdo do n.º 4 do
Largo de São Carlos em Lisboa, em frente da ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos).
foi baptizado com os dois nomes do santo lisboeta: o de baptismo, Fernando (no mundo, o nosso franciscano chamou-se Fernando
de Bulhões), e o de eleição dentro da Ordem, António.
Foram seus pais Maria Magdalena Pinheiro Nogueira, natural da ilha Terceira, nos Açores, de vinte e seis anos, e Joaquim de
Seabra Pessôa, natural de Lisboa, de trinta e oito anos.
Maria Magdalena Pinheiro Nogueira (1962-1925), era filha do conselheiro Luís António Nogueira, açoriano, conhecido jurisconsulto,
que foi director-geral do Ministério do Reino e conviveu com várias figuras célebres da época, como Manuel de Arriaga ou
o poeta Tomás Ribeiro e de Madalena Xavier Pinheiro, também açoriana.Maria Magdalena, teve uma educação esmeradíssima, falando
francês, inglês e alemão, gostava muito de ler e até de fazer versos. Aprendeu o inglês com o preceptor dos infantes D. Carlos
e D. Afonso, o que é significativo do nível social da família.
Joaquim de Seabra Pessôa (1850-1893), era filho do general Joaquim António de Araújo Pessôa, que se ilustrou nas Guerras
Liberais, tendo sido distinguido, entre outras condecorações, com a Torre e Espada e de Dionísia Perestrelo de Seabra.
Funcionário do Ministério da Justiça, tinha alguam vocação literária e artística, sendo em especial um apaixonado melómano.
Era crítico musical do jornal «Diário de Notícias», tendo publicado um trabalho sobre o Navio Fantasma, de Wagner.
Com eles viviam a avó paterna, Dionísia, já doente mental, e duas criadas velhas, Joana e Emília. Fernando Pessoa pintou o
Brasão da família Pessoa, ainda hoje na posse da família «Misto de fidalgos e judeus», desenhado pelo próprio Fernando Pessoa,
com as armas do seu trisavô, José António Pereira de Araújo e Sousa: um escudo esquartelado com, no 1.º quartel as armas
dos Pereiras, no 2.º as dos Camisões, no 3.º as dos Sousas e, no 4.º, as dos Araújos.
Maria José de Lancastre, Fernando Pessoa - uma fotobiografia, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1981, p. 283
Na bem conhecida Nota Biográfica escrita pelo próprio Fernando Pessoa em 30 de Março de 1935, o poeta escreveu: «Ascendência
geral: misto de fidalgos e de judeus.» Seu pai de com 43 anos de idade, faleceu em Lisboa em 1893 vítima de tuberculose. Em
30 de Dezembro, a mãe casou por procuração, na Igreja de São Mamede, em Lisboa, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul
de Portugal em Durban, na colónia inglesa do Natal. A 6 de Janeiro (o seu passaporte tem a data de emissão de 7 de Janeiro),
Fernando Pessoa e a sua mãe, acompanhados de um tio-avô, o tio Cunha, partiram com destino a Durban. Viajam no navio «Funchal»
até à Madeira e depois no paquete inglês «Hawarden Castle» até ao Cabo da Boa Esperança.
Em Fevereiro é inscrito na escola de religiosas irlandesas St. Joseph, de Durban, onde o ensino era ministrado em inglês.
A 12 de Maio 1901 escreveu o seu primeiro poema inglês conhecido: Separated From Thee, treasure of my heart, elegia romântica
sobre o tema da ausência da mulher amada. Em 5 de Maio, nos Açores, escreveu o primeiro verdadeiro poema português conhecido:
"Quando ela passa", elegia certamente inspirada pela morte de sua irma Madalena.
A 18 de Julho foi publicado no «O Imparcial», de Lisboa, a poesia "Quando a dôr me amargurar...", glosa sua a uma quadra
de Augusto Gil. É considerado o primeiro texto publicado por Pessoa, que na altura contava 14 anos. Em Setembro Fernando
Pessoa voltou sozinho para a África do Sul no vapor alemão «Herzog». Em Durban, em vez de retomar os estudos clássicos no
liceu, inscreveu-se na Commercial School, onde seguiu os cursos nocturnos, preparando ao mesmo tempo o exame de admissão à
Universidade, e continuando a ler e escrever em inglês. Afirmava-se-lhe a vocação literária. Escreveu também poesia e prosa
em inglês. Surgiram os «heterónimos» Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. A 8 de Maio de 1907 , o chefe do governo, João
Franco, instaurou a ditadura. Foi a partir desse momento que Fernando Pessoa começou a apaixonar-se pela política interna
portuguesa, já muito agitada nesse fim de reinado. Odiava João Franco.Em Agosto do mesmo ano morre a sua avó Dionísia deixando-lhe
uma pequena herança. Tendo visto num jornal que estava à venda uma tipografia em Portalegre, a Ibis, Tipografia Editora,
com o dinheiro recebido da herança, desloca-se a esta cidade a fim de comprar a tipografia para a montar em Lisboa, a qual
instalou na Rua da Conceição da Glória, 38 e 40, a «Empreza Ibis – Typographica e Editora. Officinas a Vapor», primeira
etapa para a criação de uma editora. A tipografia foi um fracasso total, mal chegou a funcionar. Depressa vai à falência,
perdendo Fernando Pessoa o que lhe restava da herança da avó Dionísia.
Arruinado no ano de 1908 em que fez vinte anos, recusou, porém, ofertas de emprego bem remuneradas. Decidiu ser "correspondente
de línguas estrangeiras", ou seja, encarregar-se da correspondência comercial em inglês e em francês, num escritório de importações
e exportações da Baixa, zona citadina onde se concentravam as actividades de negócios e onde a partir dessa altura se irá
desenrolar essencialmente a vida diurna. Vai exercer essa profissão em várias casas comerciais até morrer.O Partido Republicano
Português dividiu-se em muitas facções no ano de 1911
, entre as quais a mais radical era o Partido Democrático, dirigido por Afonso Costa. Depois de João Franco, será ele o homem
que Pessoa mais vai detestar. Em Janeiro de 1913 escreveu os primeiros poemas esotéricos (Além-Deus e Abdicação). Em 21 de
Julho, Pessoa escreveu um poema esotérico intitulado Gládio, que utilizará vinte anos depois na Mensagem com o título D. Fernando,
Infante de Portugal, dando-lhe sentido nacionalista. Em Agosto do mesmo ano foi publicado em "A Águia" o primeiro texto poético
em prosa, "Na Floresta do Alheamento", apresentado como fragmento "do "Livro do Desassossego", em preparação". Pessoa vai
trabalhar nesse livro toda a vida, sem poder acabá-lo. Irá atribuí-lo ao "semi-heterónimo" Bernardo Soares.
Pessoa mudou frequentemente de habitação em1916 com um quarto alugado na Rua Antero de Quental, outro na Rua Almirante Barroso,
outro enfim na Rua Cidade da Horta talvez porque em Dezembro de 1915 surge nova crise política, sob o governo de Afonso Costa
ao mesmo tempo sofre um estado de depressão, agravado pela notícia da doença da mãe, que estava hemiplégica em Pretória, vítima
de trombose. Pessoa estava desesperado. A 15 de Abril nasceu o governo de "união sagrada".
São publicadas as suas traduções de obras de teosofia. Interessa-se igualmente pela astrologia e chega a pensar em fazer dela
a sua profissão. Faz experiências de espiritismo. Parece experimentar realmente fenómenos de natureza mediúnica, do que deu
testemunho na longa carta à Tia Anica, onde descrevia manifestações de telepatia.Escreve as primeiras páginas de um livro
que deveria chamar-se precisamente O Regresso dos Deuses, uma Introdução geral ao neopaganismo português, cuja autoria seria
atribuída a outro «heterónimo», António Mora.
A 9 de Maio a Alemanha declarou guerra a Portugal. O governo e a esquerda portuguesa eram favoráveis aos Aliados, mas certas
elites, a opinião pública e o próprio Pessoa eram pró-alemães.Em Outubro é publicada em revista a sequência de sonetos esotéricos
intitulada Passos da Cruz, que aliás vinham sendo já trabalhados desde 1914.Em 1917 o governo português interveio na guerra
enviando um corpo expedicionário para a frente francesa. Pessoa confia aos seus escritos pessoais as suas reflexões e as suas
angústias acerca do conflito mundial.A 9 de Maio 1918, Sidónio Pais foi eleito presidente da República. Em 14 de Dezembro
do mesmo ano, Sidónio Pais foi assassinado na estação do Rossio, no centro de Lisboa. Pessoa, que via nele o salvador da Pátria,
fica profundamente abalado. Abriu-se em Portugal uma profunda crise política.Em Abril publicou um ensaio político favorável
ao "sidonismo", intitulado Como Organizar Portugal, na revista «Acção», órgão do Núcleo de Acção Nacional.A 10 de Junho, que
resolve dirigir-se a dois psiquiatras franceses, Hector e Henri Durville, ligados a um Instituto de Magnetismo Experimental.
Está interessado em seguir o seu curso por correspondência sobre magnetismo pessoal, porque situa em deficiências de vontade
o principal do seu problema. Descreveu-se a si próprio como "histeroneurasténico".Em 27 de Fevereiro foi publicado em revista
o poema À Memória do Presidente-Rei Sidónio Pais. Aluga um andar na Rua Coelho da Rocha, n.º 16, 1.º Dto., no bairro de Campo
de Ourique, onde irá habitar com a mãe e os irmãos. É nesse prédio – hoje a Casa Fernando Pessoa – que vai residir
até a morte.
Em Janeiro 1921 escreveu um poema que dá o tom de seu estado de espírito: "Cansa ser, sentir dói, pensar destrui..." e fundou
com alguns amigos uma casa editora e comercial, «Olisipo» (nome mítico de Lisboa, cujo fundador epónimo é Ulisses) onde irá
publicar os seus English Poems: I - Antinous, II - Inscriptions e English Poems: III - Epithalamium e A Invenção do Dia Claro
de Almada Negreiros. Esta «Olisipo» constitui aliás a sua segunda tentativa (depois da malograda Ibis) como editor.
A 19 de Outubro 1921 dá-se a "noite sangrenta", em que são assassinados muitos fundadores da República. Neste ano António
Sérgio, Raul Proença. Aquilino Ribeiro e Jaime Cortesão fundaram em Lisboa a famosa revista «Seara Nova» de que tanto houvi
falar mesmo aqui em Montreal nos meus anos de juventude. A 28 de Maio 1926 verificou-se o golpe militar que põe fim à Primeira
República e instaurou a ditadura, dirigido pelo general Gomes da Costa, antigo chefe do corpo expedicionário português na
Flandres. Por coincidência neste mesmo dia o «O Jornal do Commercio e das Colónias» publicou uma resposta de Pessoa a um inquérito
de natureza política que tinha por título Portugal, Vasto Império, em que se propõe "renovar" o mito sebastianista..A 4 de
Junho do mesmo ano Gomes da Costa instaurou uma ditadura militar.Em 15 de Março 1928 o general Carmona foi eleito presidente
da República. Em 18 de Abril havia um novo governo, ainda presidido por um militar, mas cujo homem forte era o professor Oliveira
Salazar, economista reputado, como Ministro das Finanças.Em 12 de Agosto, Pessoa publicou o artigo O Provincianismo Português,
no «Notícias Ilustrado».De Setembro a Dezembro, Pessoa escreveu muitos poemas de inspiração nacionalista mística, que vão
constituir a Mensagem.
Com José Pacheco, Mário Saa, António Botto e outros, Pessoa fundou a «Solução Editora». A 2 de Setembro 1930 Pessoa recebeu
em Lisboa a visita do famoso mago inglês Aleister Crowley, também conhecido nos meios ocultistas por Mestre Therion e A Besta
666, que depois desapareceu em circunstâncias misteriosas na Boca do Inferno, em Cascais. Sobre o episódio Pessoa foi entrevistado
no «Notícias Ilustrado» de Outubro. A 25 de Setembro deu-se o misterioso desaparecimento de Crowley, o que rende muito assunto
aos jornais: atirou-se ao mar dos rochedos de Cascais. Inquérito da polícia. A Scotland Yard é avisada. Tudo não passa, afinal,
de brincadeira, armada em conjunto pelo poeta e pelo mago, com a colaboração do poeta e também astrólogo Augusto Ferreira
Gomes, muito amigo de Fernando Pessoa, o qual publicou um reportagem em estilo sensacionalista, no «Notícias Ilustrado».
Pessoa revelará a Gaspar Simões que Crowley lhe escreveu da Alemanha após o "suicídio".Em Dezembro foi publicado na «Presença»
o poema de Pessoa influenciado por Crowley, O Último Sortilégio, que ilustra a "magia da transgressão". Propõe a Gaspar Simões
que publique também o Hino a Pã, do seu mestre e amigo, traduzido por ele. Em Janeiro 1931 publicou na «Presença» as Notas
à Memória do Meu Mestre Caeiro, de Álvaro de Campos, e o poema VIII do Guardador de Rebanhos, poema este que celebra o Menino
Jesus, deus pagão favorito do meu pai e de muitos da sua geraçao. Em 5 de Julho 1932 Salazar foi nomeado presidente do Conselho
de Ministros. Em Fevereiro 1933
Salazar promulgou a nova Constituição, que instituia o Estado Novo, corporativo e ditatorial. Pessoa atravessava nesta altura
outra profunda crise psicológica, mas não desiste do trabalho literário. Intensa actividade criativa, como «ortónimo», e crítica
(copiou o original de Indícios de Oiro de Sá-Carneiro a fim de ser editado na «Presença» e escreveu um novo estudo sobre António
Botto).A 8 de Julho do mesmo ano escreveu o poema esotérico Eros e Psique. Em Maio de 1934 foi publicado, na «Presença», Eros
e Psique, precedido de um extracto do ritual iniciático dos templários, sobre a superação das contradições. Fernando Pessoa,
num escrito encontrado no espólio e escrito em 1935 declara " Publiquei em Outubro passado, pus à venda, propositadamente,
em 1 de Dezembro, um livro de poemas, formando realmente um só poema, intitulado "Mensagem". Foi esse livro premiado, em
condições especiais e para mim muito honrosas, pelo Secretariado da Propaganda Nacional. Neste escrito, Pessoa faz teoria,
explicando o conteúdo do seu patriotismo (a fraternidade patriótica), expondo o seu liberalismo e sugerindo o fundo rosa?cruciano
do poema. Podemos interrogar-nos: porque diz ter sido o seu livro premiado em condições especiais, e para mim muito honrosas?
Devido à intervenção pessoal de António Ferro? A tratar-se da primeira consagração pública e oficial da sua obra? Interrogações
a que não é fácil dar uma resposta objectiva...Em Dezembro prefaciou o volume Quinto Império, de Augusto Ferreira Gomes.A
4 de Fevereiro publicou no «Diário de Lisboa», de 4 de Fevereiro, o artigo Associações Secretas contra o projecto de lei
do deputado salazarista José Cabral de proibir as "sociedades secretas"; nele toma a defesa da Franco-Maçonaria. Essa iniciativa
assinala o seu rompimento com o salazarismo. É, por seu turno, violentamente atacado na imprensa. No entanto, na carta de
13 de Janeiro, e em trecho durante muito tempo não publicado, a seu próprio pedido, Pessoa afirmava: «Quanto à 'iniciação'
ou não, posso dizer-lhe só isto, que não sei se responde à sua pergunta: não pertenço a Ordem Inicititica nenhuma.» Quer
dizer, Fernando Pessoa, que tinha defendido publicamente a Maçonaria, não era (ou não se dizia) mação. Recusa-se a assistir
à cerimónia de entrega dos prémios do Secretariado da Propaganda Nacional, presidida por Salazar.
Escreveu em 29 de Março o primeiro poema satírico contra Salazar./
António de Oliveira Salazar/
Fernando Pessoa/
Antonio de Oliveira Salazar./
Trez nomes em sequencia regular.../
Antonio é Antonio./
Oliveira é uma arvore./
Salazar é só apelido./
Até aí está bem./
O que não faz sentido/
É o sentido que tudo isto tem./
29-03-1935
----------------------
Este senhor Salazar/
É feito de sal e azar./
Se um dia chove,/
A agua dissolve/
O sal,/
E sob o céu/
Fica só azar, é natural./
.....................................
Oh, c'os diabos! /
Parece que já choveu.../
---------------------------------------------------------
Coitadinho /
Do tiraninho! /
Não bebe vinho. /
Nem sequer sozinho.../
....................................
Bebe a verdade/
E a liberdade,/
E com tal agrado/
Que já começam/
A escassear no mercado./
Coitadinho/
Do tiraninho!/
O meu vizinho/
Está na Guiné,/
E o meu padrinho/
No Limoeiro/
Aqui ao pé,/
Mas ninguém sabe porquê./
.......................................
Mas, enfim, é /
Certo e certeiro /
Que isto consola /
E nos dá fé: /
Que o coitadinho /
Do tiraninho /
Não bebe vinho, /
Nem até /
Café. /
29-03-1935........
A 9 de Junho o governo organizou as Festas de Lisboa para celebrar os "santos de Junho" e conquistar assim as graças do povo;
Pessoa escreveu, por seu turno, no mesmo dia, mas com espírito irreverente e corrosivo, três poemas sobre Santo António, São
João e São Pedro.
A 29 de Julho escreveu mais um poema anti-salazarista....
A 29 de Novembro escreveu a sua última frase, a lápis e em inglês: «I know not what tomorrow will bring».A 30 de Novembro
1935. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, no jazigo da sua avó, D. Dionísia Seabra Pessoa. Estes apontamentos sao tirados
do Instituto Camoes .
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